quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Ciclos com ou sem Alma


A conversa de hoje no Sótão da Gina é intensa e iluminada ao contrário deste dia cinzento de Outono. Falar sobre os ciclos de vida quando sentidos com a alma é definitivamente outra coisa, mas há quem ainda não tenha chegado a este estádio, e pelo tal, não sabe a diferença entre viver os ciclos da vida com ou sem alma.

Quando se menciona a palavra alma, há logo quem pense “pronto” lá vão elas falar de religião – mas não, nada disso; cada um terá, ou não, a sua e esse é um tema que não será abordado aqui no sótão, porque tal e qual como política e futebol, são temas que deixamos entregues aos  entendidos.

Segundo consta - Alma é um termo derivado do hebraico nephesh, que significa vida ou criatura , e também do latim animu, que significa "o que anima”; espiritualmente  significa o princípio inteligente do Universo, o ser real, circunscrito, imaterial e individual que existe no ser humano e que sobrevive ao corpo, estando sujeita à Lei do progresso, ou seja, a de se aperfeiçoar por meio da Reencarnação em várias encarnações progressivas até atingir a perfeição, o estágio de Espírito Puro, quando não tem mais a necessidade de reencarnar.

Em palavras simples e nossas - a alma – é o que dá sentido à vida.

Em palavras tecnológicas – a alma – é o nosso disco rígido – é nele que é gravado tudo o que somos e fazemos, mas há alturas que o melhor é, tal como num computador, formatar, e começar de novo, sendo que nunca é tarde demais para o fazer.

Ciclos com ou sem Alma
Mas falando concretamente dos ciclos na vida, e há vários – os astrológicos, os numerológicos, os que são identificados como fases da vida - a infância, adolescência, adulto e velhice, cremos que  os mais fascinantes são os denominados de  seténios, e vejamos porque o achamos.

Segundo consta nos estudos dos seténios, que se baseia na medicina tradicional chinesa e na antroposofia (dos gregos) - a vida é dividida em 10 fases, estabelecidas a cada 7 anos - sendo a primeira dos 0 ao 7 anos de idade, e assim por diante. A cada fase um novo ciclo começa, com mudanças em vários aspectos da vida de cada um.

Chineses e gregos foram os primeiros a observar que as mudanças biológicas e espirituais que ocorriam de sete em sete anos; razão pela qual chamaram as fases  de seténios. Se cada um respeitar o ritmo de cada seténio chegará certamente à décima fase, ou seja, 70 anos, com muito mais consciência e sabedoria.

Assim, depreende-se que o objectivo dos seténios, é alertar as pessoas das fases existentes na vida para que saibam das mudanças e as aproveitem de modo saudável, e em modo vigilante e desperto possam beneficiar das oportunidades de renovação, com pragmatismo e estímulo diário para um amanhã sempre melhor.

Ciclos com ou sem Alma

O modo vigilante e desperto é acompanhado de confiança do crer sem ver, do querer pelo sentir, em vez do ver para crer ou do nem querer sentir, ou ver ou crer. Este modo aguça a intuição, exercita-a e dá-lhe instruções para que participe cada vez mais nos ciclos e ajude a aperfeiçoar os dias. A razão, é por vezes um pouco inimiga e desmancha-prazeres, dificultando ou impedindo que a alma veja de forma límpida e iluminada, mas há que fazer silêncio e ouvir para ver melhor e sentir ainda de forma mais refinada.

Ninguém é perfeito, aliás segundo a teoria sobre a alma, se o fossemos já não estaríamos cá… mas se nos for dada a oportunidade de aperfeiçoamento continuo (?!) enquanto por cá andamos, porque não ouvir o que a alma nos diz e aprender a saborear melhor tudo o que fazemos?

Há quem entenda que as dificuldades são todas uma tragédia e passa por elas repetidas vezes sem sequer tentar modificá-las – mas também os há que sabem encará-las de frente e sem medo, num ciclo novo acordam mais atentos e despertos para o que lhes dá mais prazer.
  

Ciclos com ou sem Alma
No Sótão da Gina cremos por unanimidade que tudo tem uma razão de ser, e se chegar ao ponto de conseguir perceber como e porquê, os seus ciclos correram desta ou de outra forma, isso fará com que se aperceba também qual a sua missão em cada ciclo, e talvez até qual o projecto de vida que escolheu antes de cá chegar, e aí, talvez só aí, aperceber-se-á da diferença que existe em passar os seus ciclos com ou sem alma. Perdoem-nos a comparação metafórica, mas é quase como que comer um pastel de nata sem canela – ser bom é,  mas não é de todo a mesma coisa.   

E já vai sendo hábito deixar aqui um vídeo, uma música adequada, então aqui vai: Fechem os olhos e abram alma. 



domingo, 18 de outubro de 2015

Escolhas e a Capacidade de as Mudar

O assunto hoje no Sótão da Gina não é muito consensual, há quem pense que escolhas são para a vida e há quem creia que nas escolhas que faz, pode e deve ter a capacidade de as mudar se assim o desejar ou necessitar, por isso este tema “Escolhas e a Capacidade de as Mudar” vai ser debatido quase taco a taco entre as amigas deste sótão.

Escolhas e a Capacidade de as Mudar
Já quando somos crianças damo-nos conta que uns mudam de ideias facilmente e outros nunca mudam; quando nos reencontramos com amigos do passado achamos muito engraçado ver ex-colegas de escola com os mesmos gostos e até a mesma aparência de quando eram ainda crianças ou adolescentes, e outros que entretanto mudaram tanto que ficam irreconhecíveis aos olhos de quem os visionava e imaginava com outra imagem.

Tudo isto é normal. Tudo isto compõe a diversidade de carácter entre as pessoas. Tudo isto é positivo porque ajuda a um equilíbrio que se quer saudável.

Lembra-se da frase popular: - Se todos gostassem do amarelo? Pois é isso mesmo, é bom haver gostos diferentes, escolhas diferentes e a capacidade de as trocar também, porque só assim se consegue evoluir, subir outros degraus, ver novos horizontes com coragem e determinação, para o assumir e até o justificar se assim for necessário.

Escolhas e a Capacidade de as Mudar
Nada é para sempre, nem a morte – quem acredita na ressurreição bem sabe disso – portanto para quê ou porque amarrar-se a ideias pré-concebidas (?!), de algo que tem que ser assim para a vida se ela se quer evolutiva? Se nos foi concedido um livre arbítrio, porque não podemos conceber  mudar sem que sejamos de imediato criticados e apelidados de adjectivos pouco abonatórios à nossa integridade como por exemplo troca-tintas, mentirosos ou vira-casacas?!

Ter capacidade para mudar as escolhas que fazemos quando nos apercebemos que - ou escolhemos mal, ou aquela escolha já não faz sentido, ou simplesmente, porque evoluímos e já não gostamos nem pretendemos algo que no passado até nos dizia algo, pode não ser fácil porque a sociedade encarrega-se de todos os dias tentar ensinar-nos que devemos seguir regras iguais que normalmente estão conotadas com tradições ou modas.

Não é fácil mudar, nisso todos estamos de acordo e por isso muitos não mudam e acomodam-se numa vida do faz de conta, com padrões repletos de chavões e mais uma vez segundo a tradição ou a moda.

Há quem pense que não se deve mudar porque isso dá ideia de falta de carácter ou em casos mais extremos de dignidade.

Escolhas e a Capacidade de as Mudar
Quem vos escreve pensa mais como Jean-Paul Sartre: “Viver é isso: Ficar-se equilibrando o tempo todo, entre escolhas e consequências”, e atrevo-me a acrescentar que se deve avaliar a par e passo para melhorar o equilíbrio, mesmo que para tal haja necessidade de mudar as nossas escolhas, porque quem ganha não somos só nós mas também quem nos rodeia porque seremos sempre melhores pessoas - e é com este raciocínio que vos deixo depois de um debate bem aceso entre as amigas do sótão sobre escolhas e a capacidade de as mudar, à volta de chás e cafés bem aromáticos num dia chuvoso de Outono com uma cor cinzenta  que promete também mudar amanhã ou depois.


Já agora aproveitem, vejam este vídeo com o tema "Escolhas" de Sara Tavares que de certo modo vem ao encontro do que acabámos de  publicar.

Bom domingo! 


domingo, 11 de outubro de 2015

Optimismo e o Princípio de Pollyana

O Outono vai-se instalando e no Sótão da Gina a conversa centra-se na despedida dos dias  alegres ao ar livre,  e no reencontro de nós próprios com o aconchego do nosso lar, com o nosso eu, levando-nos a meditar se o princípio de Pollyana é de ter em conta para um optimismo tão necessário nestes dias que se avizinham cinzentos. 

Vive-se demasiado o negativo; ri-se ao ver cair, critica-se por criticar, espezinha-se quem publicamente erra, satiriza-se e perpetua-se o que de mais negativo a sociedade nos mostra, e se em vez disso começássemos a tentar mudar um pouco esta tendência, tornando-nos mais flexíveis, gratos, amigos e alegres? Como?!

- Que tal meditar no optimismo aplicando os aspectos positivos do princípio de Pollyana? 

Optimismo e o Princípio de Pollyana

Mas quem é Pollyana e o que é o tal “Princípio de Pollyana”?  

Pollyana é um romance de Eleanor H. Porter publicado em 1913, considerado um clássico da literatura infanto-juvenil, posteriormente utilizado num filme mudo em 1919 que bastante mais tarde, em 1960 deu origem a um filme a cores e com som.

Neste romance,  Pollyana, uma menina de onze anos, que após a morte de seu pai, um missionário pobre, vai morar noutra cidade, com uma tia rica e severa que ela não conhecia . No seu novo lar, passa a ensinar às pessoas, o "jogo do contente" que havia aprendido com o seu pai. O jogo consiste em procurar retirar algo de bom e positivo em tudo, mesmo nas coisas aparentemente mais desagradáveis. O optimismo, para além da bondade,  era o seu maior atributo.

Optimismo e o Princípio de Pollyana
Resumidamente, o “Princípio de Pollyana” baseia-se na história da menina que via tudo "cor-de-rosa", acreditando no melhor da vida e das pessoas, que ela consegue sempre sensibilizar pelo amor, bondade e pureza de sentimentos, sentindo-se capaz de transformar o mundo.

A autora presbiteriana, Eleanor H. Porter, focou nesta história um aspecto da evangelização cristã, de que é necessário procurar, incentivar  e manter a felicidade - o amor e o bem, mesmo nas situações mais difíceis e adversas, seguindo os princípios de Jesus Cristo, e curiosamente (ou não) apesar de tanto em psicologia como em sociologia, isto ter-se passado a chamar "Princípio de Pollyana", os autores raramente citam ou dão sequer a entender a origem cristã, secularizada, desse comportamento descrito.

Claro que em tudo se pode encontrar um aspecto negativo, e o princípio de Pollyana que alguns até satirizam de síndroma de Pollyana, quando em exagero pode resultar numa fuga da realidade, uma tendência amplificada de ver tudo cor-de-rosa, ser demasiado ingénua ou até ilógica ou inconsequente.

O bom senso é grande mestre de sabedoria  - este ajuda a utilizar e equilibrar o princípio de Pollyana para que os nossos dias tendam a ser vividos com muito mais optimismo e com mais cor mesmo que os céus se apresentem cinzentos.
Optimismo e o Princípio de Pollyana

Como?

No Sótão da Gina não temos fórmulas mágicas para nada, mas cremos que - se ignorar o ruído que não lhe faz falta, escutar os outros de forma imparcial e calma, se for altruísta, grato pelo que tem, se for capaz de sorrir para as pequenas coisas, como que,  saboreando as ínfimas conquistas,  e passar a palavra de que os seus dias valem mais a pena se coloridos - o optimismo, muito provavelmente começará a instalar-se em si, de maneira progressiva e equilibrada, contagiando em forma de onda gigante o “Optimismo e o Princípio de Pollyana” em toda a sua volta.  

Se gostou, comece por enviar este artigo aos seus amigos para que se sintam também contagiados por este optimismo e o princípio de Pollyana, e se tiver tempo veja ou volte noutro dia a ver o filme de 1960 que achámos um verdadeiro mimo para esta tarde domingo.

Clique aqui para ver o filme, vá buscar as pipocas e desfrute!



segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Paixão ou Razão?

A conversa de hoje no Sótão da Gina é sobre as decisões que as pessoas tomam baseadas na sua forma de ser meramente apaixonada ou racional; e não, esta conversa não é de todo sobre amores e paixões nas relações, mas sim sobre a maneira de ser e estar na vida, em todas as circunstâncias ou questões em que cada um imprime a sua paixão ou a razão.

Paixão ou Razão?
A razão baseia-se em factos e dados concretos para posteriormente avaliar, julgar, planear e decidir o que é benéfico para si. A razão é assim como que uma capacidade calculista, egoísta até, que analisa e mede primeiro os riscos antes de tomar qualquer tipo de decisão.

Já a paixão não mede, não analisa, não pondera, não hesita, nem calcula nada; avalia, julga, avança ou recua conforme a emoção, ou o sentimento do momento, que é quase sempre, fortemente incentivado pelo estado de alma ou de humor.

Assim, pode-se concluir que a razão é egoísta e a paixão exacerbadamente altruísta.

Enquanto que a razão é teimosamente fria e a paixão obcecadamente quente, esta acaba por deixar-se arrefecer quando se apercebe que a razão não se deixa influenciar e caminhar de mão dada.

Paixão ou Razão?
Mas nem tudo é assim frio ou quente; ao que parece, existe como que uma batalha entre a paixão e a razão que por vezes chega a esbarrar no senso comum. Seguindo este raciocínio, a razão empurra-nos a agir de certa maneira, encontrando porém oposição nas nossas emoções ou paixões, tornando-se assim bem difícil a decisão.

Sendo criaturas racionais, perguntamo-nos: - devemos obrigar a razão a controlar as nossas emoções ou agir em conformidade com as nossas paixões? E a nossa resposta é que o ideal é sempre o equilíbrio, (aliás) em tudo, e neste tema também não poderia deixar de o ser.

Paixão ou Razão?
No Sótão da Gina a opinião geral é que - seres racionais mas pensantes que somos, deveríamos encontrar o equilíbrio entre a razão e a paixão – de forma que permitisse o senso e bem comum na decisão, com o mesmo calor da emoção, para nunca ter de decidir entre paixão ou razão.

Enquanto medita neste assunto, visualize este vídeo e pense no equilíbrio entre estas duas vozes que apesar de normalmente cantarem temas diferentes como o Fado ou a Morna,  conseguem enquadrar-se de forma tão perfeita, neste Fado - "Por Sombras Me Dei à Luz" com letra de Fábia Rebordão, musica de Jorge Fernando e interpretado aqui pela autora Fábia Rebordão e Lura, cantora crioula de ascendência cabo-verdiana.




sábado, 12 de setembro de 2015

Um Tempo só Para Mim

Que mulher não disse uma vez que fosse – preciso de um tempo só para mim? A conversa de hoje no Sótão da Gina centra-se nesta frase que é um clamor mais pronunciado pelas mulheres, muito embora, alguns homens sintam também alguma empatia por esta necessidade, e de quando em vez soltem a – “preciso de um tempo só para mim”, por ser uma verdadeira necessidade a qualquer ser humano.

Porque dizemos que esta frase “preciso de um tempo só para mim” é um clamor ou uma necessidade mais das mulheres?

Um Tempo só Para Mim
Porque de maneira geral, são poucos os homens que sabem ou gostam de estar sozinhos a desfrutar da sua companhia, a regenerar energias; normalmente, o tempo livre que possam ter ou do emprego ou das famílias é quase sempre preenchido entre amigos.

A mulher que por regra, vive para além da sua, a vida dos pais, dos filhos e algumas até a dos netos, nem nas férias consegue desligar dessas vidas para ter finalmente o tal tempo só para si, e embora diga mentalmente ou entredentes “preciso de um tempo só para mim” vai deixando que o tempo passe e lhe tome conta de todo o tempo que tem e não tem para os outros, sem lhe restar nada para si.

Um Tempo só Para Mim
De facto, esse tal tempo só para si, nem precisaria de ser muito em quantidade para com qualidade lhe renovar a alma, o ânimo, e retemperar as energias gastas e desgastas no seu cotidiano, quase sempre preenchido pelos afazeres das tais várias vidas, que tomam como também suas, bastasse para tal ela saber desligar.

Um banho de imersão com sais calmantes e bem cheirosos, acompanhado por música especifica para relaxamento poderia ser um começo, ou um passeio à beira-mar inalando a maresia enchendo-lhe os pulmões de novo alento - poderia ser a leitura de um livro no campo e intercalar com um olhar divagante pela natureza – poderia ser de facto qualquer coisa que lave a alma e a liberte da tensão que é viver a vida dos outros que ela ama.

Poder podia, mas muitas vezes não é, não pode ser, porque é ela, a própria, a dita mulher que o impossibilita porque é incapaz de desligar o fio condutor entre ela e os seus ente-queridos, mesmo por pouco tempo que seja.

Um Tempo só Para Mim

Há excepções – em tudo e em todos se encontram excepções – mas de maneira geral a mulher é mesmo assim, e mesmo bradando ou dizendo entredentes “preciso de um tempo só para mim” vai oferecendo de forma altruísta o que tem e por vezes lhe faz falta – um tempo livre para tirar o relógio e usá-lo como quiser.

No Sotão da Gina deixamos a dica – faça algum tempo para si, antes que ele, esse maroto do tempo lhe fuja e anuncie à família que como precisa de um tempo só para si, que o vai começar a desfrutar introduzindo-o como rotina que aos poucos os seus agradecerão porque a verão bem mais feliz.


Como incentivo, aqui vai um vídeo de Kitaro – Silk Road para o tal banho de imersão! Desfrute!

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ai que Saudades!

Em pleno Agosto dizer “eu tenho é saudades do Verão” parece ser um bocadinho … como colocar isto de forma diplomática? – hum… parvo, mas adiante, porque provavelmente  a conversa de hoje no Sótão da Gina fala de saudades que vão para além do Verão, ou daquelas pessoas que nunca estão satisfeitas e têm saudades de tudo de ontem e de anteontem, e que passam a vida a dizer “ai que saudades”.

Quem não conhece um bom punhado de pessoas que passam a vida a dizer “ai que saudades”?

Quem não conhece pessoas que passam a vida a dizer “ai que saudades, antigamente é que era isto e aquilo…”?


Ai que Saudades!
Porque será que os portugueses têm assim tantas saudades e especialmente do ontem,  ou do antigamente? Será que os seus ontem foram assim tão bons? Temos as nossas dúvidas.

Diz-se que a palavra saudades só existe no léxico português – mas sabemos que não é bem assim; acontece, é que em alguns outros idiomas é necessário juntar outras palavras como por exemplo em espanhol “te echo de menos”  para dizer que temos saudades de alguém, enquanto que por exemplo em inglês a palavra “longing” e em francês “manquer” já têm o significado  de saudades.

O exagero de dizer que a palavra saudade ou saudades só existe em português é na mesma quantidade utilizado para dizer que se tem saudade disto e daquilo, esquecendo-se do bom ou excelente que tem nesse mesmo momento e à sua frente.

Ai que Saudades!
"Insatisfazível" forma de viver ou apenas ser seres exagerados (?!), nunca conformados com o que têm? Esta maneira de ser e estar faz com que não se aprecie o aqui e agora que se está a viver aproveitando todo o sabor, todo o calor, todo o cheiro, toda a maresia, todo o toque, todo o sentimento, toda a cor, todo o som, todo o ar puro e agradavelmente respirado, inspirando para agruras que a vida por vezes nos lança para ver se tropeçamos ou se sabemos balancear de forma a não cair.

Por aqui no Sótão da Gina apenas temos saudades, de em Agosto, quando se ia jantar a um restaurante com esplanada à beira-mar ao pôr-do-sol , não se dizia “sunset” e para aperitivo pedia-se um gin tónico não sendo necessário dizer mais nada, porque sabia-se de antemão que éramos servidos um gin de uma qualquer boa marca utilizada na casa, com água tónica, um pouco de gelo e uma rodela de limão num copo  alto, ponto final. Nos dias que correm, perguntam-nos se fomos a um “sunset “ e tomámos um gin tónico da marca que se tem de escolher de uma lista de dúzias, com água tónica da marca x, y ou z, e com coisas coloridas a boiar que não sabemos de todo para que servem, dentro de um copo enorme cheio de gelo, que no tal tempo do qual temos saudades, estes, eram os copos onde se degustava vinho tinto, de preferência de excelente qualidade.

Gostos não se discutem, saudades tão pouco, e  tendências de moda muito menos.


Viva o Verão, aproveite todo o pôr-do-sol que se lhe apresente a cada dia,  e brinde com a sua bebida preferida que aqui no Sótão da Gina faremos o mesmo.

Já agora, se gostar dos Expensive Soul, ouça, cante e dance o seu tema "Saudade"


terça-feira, 21 de julho de 2015

Luxo, Requinte ou Privilégio?

 Estamos em pleno Verão e no Sótão da Gina pensa-se e conversa-se sobre férias e de repente solta-se uma gargalhada à volta do uso e abuso da palavra “luxo” em Portugal; questiona-se o seu verdadeiro significado comparando o luxo com requinte ou o simples privilégio.


Luxo, Requinte ou Privilégio?
Luxo, Requinte ou Privilégio - apenas questões de semântica? Talvez sim, talvez não, ou talvez ainda mais a importância que se dá a cada uma destas palavras.

Vejamos os significados de acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

lu·xo |ch|
(latim luxus, -us)
1. Modo de vida que inclui um conjunto de coisas ou actividades supérfluas e aparatosas. = GALA, OSTENTAÇÃO, POMPA
2. Grande quantidade.
3. Bem ou actividade que não é considerado necessário, mas gera conforto ou prazer.
re·quin·te
1. Apuro, perfeição meticulosa e exagerada.
2. Quinta-essência; o mais alto grau; exagero.
Palavras relacionadas: super-requintado, requintado, requintar, requinta, requintadamente, sibaritismo, metafisicismo.
pri·vi·lé·gi·o
(latim privilegium, -ii, lei de excepção, favor)
1. Direito ou vantagem concedido a alguém, com exclusão de outros.
2. Título ou diploma com que se consegue essa vantagem.
3. Bem ou coisa a que poucos têm acesso.
4. Permissão especial.
5. Imunidade, prerrogativa.
6. Qualidade ou característica especial, geralmente positiva. = DOM 

Mas estávamos a pensar em férias e a falar sobre locais para as mesmas, e ao procurar os ditos, reparámos que as descrições são tão exageradas que têm mesmo de ser analisadas à lupa por um lado, mas por outro, depende muito daquilo que cada um de nós prefere e considera importante nos seus dias de lazer.
Luxo, Requinte ou Privilégio?
Pessoalmente, preferimos de longe um bom privilégio, daqueles que nem custam qualquer moeda que seja; ao contrário do luxo que está sempre conotado com gastos avultados em qualquer câmbio, em qualquer recanto deste planeta. 

E umas férias que são um privilégio recheado de requinte? O que são para si?

Esta conversa hoje vai mesmo cheia de insinuações sugestivas de tudo ou de nada só para espevitar as ideias de quem nos lê e levá-los a pensar nas palavras luxo, requinte, privilégio, férias e meditar no que lhe apraz em vez de seguir a onda que está mais na na moda, a mais trendy, a mais in – depois contar-nos como foi, se deu mais resultado, se foi mais ao encontro das suas expectativas.
Luxo, Requinte ou Privilégio?
Por cá costumamos dizer que não gostamos da palavra luxo, por vezes até dizemos que a detestamos mas isso já é uma forma de expressão exagerada… mas há quem goste, e gostos não se discutem.

Montanha, cidade, praia, casinha à beira-mar ou no campo, tenda de campismo ou ficar em casa a relaxar e fazer aquilo que normalmente não consegue fazer nos dias de trabalho pode ser um privilégio cheio de requinte e igual a dias passados num resort de luxo em qualquer parte do mundo, porque no final das férias o importante é chegar à conclusão que na verdade (verdadinha) descansou o corpo e a mente e está preparadíssimo/a para mais uma ano de trabalho.


Luxo, Requinte ou Privilégio?
No Sótão da Gina cremos que as férias devem ser cheias daquilo que melhor se ajusta às suas necessidades e prazer - sejam cheias de luxo, requinte ou privilégio – desfrute da melhor forma. 

domingo, 12 de julho de 2015

Democracia, Liberdade, Libertinagem ou má Educação?

As conversas no Sótão da Gina não têm sido registadas de forma escrita com a assiduidade desejada por falta de tempo e não por falta de temas - esses são muitos e abundam no nosso quotidiano, originando muitas vezes um barulho ensurdecedor sobre assuntos ou quezílias que vão do mais sórdido ao curioso, mas para não cansar quem nos lê, hoje no sótão quase em tom inquietante, falamos e barafustamos sobre democracia, liberdade, libertinagem ou má educação.
Democracia, Liberdade, Libertinagem ou má Educação?
Desengane-se se pensa que vamos falar de política – nada disso – pensamos que meio mundo crê que sabe tudo sobre esse assunto e  expressa-se como tivesse mestrado e isso já chega quanto baste; no entanto achamos que o assunto está melhor entregue aos politólogos já que quanto aos políticos depende...  de resto, os politólogos andaram mesmo a “queimar as pestanas” para perceber do assunto – pena que muitos estejam à partida inclinados para uma lado ou para outro dando assim opiniões pessoais em vez de oferecer teses objectivas e isentas de inclinações, mas adiante!

A interlocutora é do tempo da “não democracia” em Portugal, ou seja, viveu em e sobreviveu  uma ditadura até aos 15 anos – coitada…

Coitada? Nada de coitada – para uma jovem que até era amiga de uma outra jovem cujo pai era funcionário da Pide, e teve uma professora que era esposa de um outro funcionário da Pide e viviam todos no mesmo prédio e visitavam-se e reuniam-se em tertúlias no café da zona, nunca houve o mais pequeno problema! E porquê? Quiçá, porque na altura não havia a cultura do “malhar” na política e nos políticos como passou a haver e vai de tal forma em crescendo que quem não o faz parece não pertencer a este mundo.

Tem-se confundido muito o viver sem liberdade de expressão política com outras coisas que nada têm a ver. Baralha-se tudo no mesmo saco. É a confusão total para quem não viveu esses tempos!

Quem os viveu e não tinha, já na altura, qualquer interesse em falar de política não lhe fez mossa nenhuma, porque na verdade o que fez alguma diferença ou prejuízo para alguns, foi o facto do regime ditador de então,  causar atraso no desenvolvimento do país – ponto final paragrafo e posto de uma forma simplista e directa de uma jovem que viveu esses tempos.

Entretanto tanta água passou debaixo da mesma ponte que o leito já começa a ficar gasto e desgasto de tanto se falar e deliberar sobre a liberdade, e em grande velocidade vai escorrendo deliberadamente, a quem lhe convém (claro está), para a libertinagem, desaguando num pântano de má educação, de quem nunca a teve e não reconhece como um bem essencial de uma sociedade que se diz democrática.
Democracia, Liberdade, Libertinagem ou má Educação?
Se por um lado viver em democracia é algo positivo porque dá direito a cada cidadão de votar e expressar a sua opinião sobre os mais variados assuntos que envolvem a política e políticos, a libertinagem move-se por objectivos meramente egoístas, egocêntricos e mesquinho-pessoais em conjunto com uma má formação pessoal – vulgo má educação = má criação, ou até vulgo muita falta de chá -  é algo altamente tóxico e corrói a sociedade, que a bel-prazer da globalização vai-se multiplicando como se de um vírus se tratasse.

Interesses? – Sempre – os deles, os libertinos  olham apenas para o seu umbigo e esquecem ou não querem saber que viver em sociedade democrática não basta apregoar umas quantas teses sobre ser-se de esquerda, de direita ou de centro - é preciso bem mais que isso – é preciso e urgente ser-se uma sociedade civilizada.

Democracia, Liberdade, Libertinagem ou má Educação?
Aqui no Sótão da Gina não temos nem remédio milagroso nem a cura para o vírus da libertinagem ou má educação em liberdade e democracia, mas que hoje a conversa foi bem acesa e barafustámos que nos fartámos, lá isso não podemos negar. E você que nos lê? Que acha? Nós depois disto, vamos até à praia desanuviar porque estas conversas com tanta mulher a protestar dão uma grande trabalheira e são desgastantes J.


Um resto de bom domingo! 

domingo, 14 de junho de 2015

Pobres ou ricos de espírito?

 Ser ou não ser, poderia ser a simples questão, se a mesma fosse assim tão fácil de perceber, mas a conversa de hoje no Sótão da Gina é um pouco confusa e até controversa quando se utilizam as expressões “pobres ou ricos de espírito”.

Quando se utiliza a expressão pobre de espírito, lembramo-nos das bem-aventuranças - “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus” (Mateus 5. 3), e é na sua interpretação que está o busílis desta conversa de hoje.

Pobres ou ricos de espírito
Em qualquer tradução, há muito que se perde quando não é feita de forma interpretativa e adequada ao idioma utilizado - por exemplo, costuma dizer-se que não há tradução para a palavra em português “saudade”, então imagine-se o que terá sido a tradução e interpretação antiga e original dos textos bíblicos.
  
De facto, na tradução mais antiga, a tradicional e conhecida frase da primeira bem-aventurança – “Pobres de espírito" a expressão, com o passar do tempo, foi perdendo o sentido original e é já há muito tempo mais conhecida por definir a pessoa como débil, rústica, insensível, ou alguém de pouca cultura ou até tola. Pobre de espírito, acabou por, no entendimento popular, ganhar um significado oposto ao sentido que era dado na Bíblia.

Pobres ou ricos de espírito
De contrário, e levando a tradução à letra, pensaríamos que Jesus Cristo estava a dizer-nos  que o Reino dos Céus pertence aos débeis, rústicos, insensíveis ou de pouca cultura, ou aos simplórios ou tolos? Cremos que não, cremos que na tradução o verdadeiro sentido perdeu-se.

A versão baseada na tradução do grego existente na Vulgata latina, feita por S. Jerónimo numa época em que os manuscritos antigos eram dados como confiáveis foi imprimindo na memória das pessoas a ideia de que o Reino dos Céus seria herdado pelos “pobres de espírito”.

Há traduções recentes em que se interpreta a expressão de pobres de espirito como espírito de pobre, coração de pobre ou humildes de espírito, e até aqui se gera confusão porque em português confunde-se muito o ser pobre com ser humilde e nem sempre isto se refere à realidade - a humildade é uma forma de caracter, enquanto que a pobreza é um estado devido a uma circunstancia.

Tal e qual como a nossa palavra “saudade” em português ser de difícil tradução, também do original grego a palavra “ptõchoi”  que deriva de "ptóchos", e que significa mendigo ou alguém que mendiga, separa-se totalmente da ideia de que a tradução da frase original em grego pode ser a de pobre porque na verdade a  palavra pobreza é “penia” em grego.

Confuso? Bastante… controverso também… e de certa forma não queremos que a conversa se torne um verdadeiro enfado, por isso terminamos esta análise das traduções referindo apenas que o que pode ter acontecido foi o facto de o português não ter sido traduzido directamente do grego mas sim do latim, daí a palavra grega "ptóchos" virou “pauper” em latim e em português passou para “pobre”.

Pobres ou ricos de espírito
Assim, no Sótão da Gina é nossa convicção que o que Jesus disse foi algo assim:

“Bem- aventurados os que mendigam em espírito”, ou numa linguagem mais actual “bem- aventurados os que pedem em espírito”.

No fundo, e de forma interpretativa, pedir de forma humilde, pura e muito rica em espírito será a melhor forma de pedir seja o que for e a quem for, não acham?

Para terminar, no Sótão da Gina pensamos que ser rico em espírito é a melhor  maneira de estarmos em sintonia com as mensagens que Jesus nos deixou e saber interpretá-las de forma correcta aos dias de hoje, para nosso proveito, pode ser  verdadeiramente útil e  inteligente. Saber compreender a frase “pobres de espírito” é definitivamente importante para perceber o seu verdadeiro sentido; entre pobres ou ricos de espírito há sem dúvida uma grande diferença, e o autentico conselho que nos foi dado e mensagem pedagógica contribui para sermos melhores, verdadeiros e definitivamente muito ricos em espirito porque só assim saberemos estar e ser felizes.   

quinta-feira, 28 de maio de 2015

A Culpa é do Stress

Com a ventania que se fez sentir em quase todo o nosso Portugal nestas últimas semanas, esta conversa deveria começar por dizer que a culpa é do vento que tem espalhado germes, pólenes e afins que nos têm infernizado a vida com inflamações e infecções respiratórias, mas não: a conversa no Sótão da Gina hoje, centra-se na desculpa tão vulgarizada que culpa o stress, por tudo e por nada.

Qualquer infortúnio, descuido, desaire, esquecimento, atraso, falha ou até puro desleixo leva com a frase: “é do stress”.

A Culpa é do Stress

Comecemos por dizer que ninguém é perfeito, certo? - Certo! Então não vale a pena a desculpa do stress para qualquer coisinha que poderá correr mal porque não cola, não dá, ninguém acredita, e o melhor é encarar a “coisa” como ela é e interiorizar o que na verdade correu mal para poder corrigir e na próxima correr melhor.

Senão vejamos – o que é afinal isto do “stress”?

Confunde-se ou por falta de informação, desinformação propositada ou por piada (sem graça nenhuma) o que na verdade é o stress, levando pessoas a falar do mesmo como se fosse uma doença. 

Há várias definições, denominações, deduções, conclusões e até estudos, mas para não complicar a conversa fomos apenas espreitar a definição da reconhecida revista Psychologytoday em que afirma que o stress é:  … simplesmente uma reacção a um estímulo que perturba o nosso equilíbrio físico ou mental. Por outras palavras, é uma omnipresente parte da nossa vida. Um evento com carga de stress elevada poderá desencadear uma resposta de ” luta ou fuga”  fazendo com que se sinta uma grande vaga de hormonas como a adrenalina e cortisol pelo corpo… poderá não ser possível controlar os factores de stress na vida, mas pode simplesmente alterar a reacção aos mesmos. 

A Culpa é do Stress
Todos os dias estamos expostos a questões de pressão, constrangimento, tensão, ansiedade e por vezes até em situações em que é necessário dar resposta rápida e eficaz no meio de alguma adversidade; é em cada uma dessas situações que se mede claramente o nível de capacidade que o organismo tem para regular a adrenalina e cortisol a fim de não causar desconforto e desiquilibrio.

Cada individuo reage de forma diferente, e cabe a cada um reorganizar-se de forma a melhor lidar com as tais situações em que o levam ao descontrole. Não há uma medida igual para todos, por isso é importante saber o seu limite.

Não se pode banir o stress da nossa vida mas pode saber-se geri-lo de forma mais eficaz, evitando, adaptando, alterando ou até aceitando, de forma diferente, as mesmas situações.

Há quem acredite que o exercício físico melhora a capacidade de gestão do stress, mas há outros que advogam algo completamente contrário como a meditação, portanto voltamos a referir que cada um tem a sua medida certa e a melhor maneira de chegar à mesma, se ainda não chegou, é experimentar o que pensa ser adequado; para isso, analise cada uma das suas reacções quando está só e tem um tempinho para uma breve introspecção, e não diga que não tem tempo, até aqueles minutos debaixo do chuveiro servem para o fazer.

A Culpa é do Stress

No Sótão da Gina há quem acredite que no ioga é que é que está o segredo, no entanto a anfitriã do sótão crê que banhos de mar são o elixir dos deuses, mas na sua falta,  olhá-lo e deixar a mente viajar nas suas ondas já são quanto baste para uma boa reflexão e de certa forma uma técnica de relaxamento eficaz. Faça o que fizer, não utilize a frase “a culpa é do stress” para nada, não lhe serve a si nem a quem a ouve… esforce-se para que o stress não domine os seus dias e verá que afinal também consegue ter um método eficiente para o manter em linha e na linha.


terça-feira, 19 de maio de 2015

Casas com Alma Esquecida

Por todo o país se podem encontrar casas devolutas; na cidade de Lisboa, o flagelo é bem grande e hoje tornou-se no tema de conversa no Sótão da Gina, ao qual acabámos por intitular de Casas com Alma Esquecida.

Quando se passeia atentamente pelo campo, dá dó ver a quantidade de casas abandonadas à sua sorte, algumas de grande dimensão e opulência. Muitas terão certamente contribuído para a grande felicidade nas férias de muitas crianças de outros tempos. Amparadas apenas pela natureza, permanecem em pé até que essa mesma amiga natureza lhes vá permitindo, até que nada mais sobre que um amontoado de um resto de tudo e nada.

Casas com Alma Esquecida

Na cidade de Lisboa muito se poderia fotografar e escrever sobre as casas devolutas que foram abandonadas sem dó nem piedade e deixadas assim à sua sorte como que se nunca tivessem alma adentro.
Parámos em duas, muito perto entre si, vizinhas de prédios altos e modernos para que a sua pequenez seja ainda mais evidente.


Casas
 com
 Alma Esquecida
Reparámos em pormenores.

Fotografámos e imaginámos o que se teria passado entre aquelas paredes quando eram novas e cheiravam a tinta fresca.

Na casa de dois pisos, o nº 56 construída em 1873, em plena monarquia e reinado de D. Luís I, nesta casa que ainda hoje mostra orgulhosamente as iniciais (JRC) do seu ou sua proprietária, imaginámos as tertúlias à volta de uma simples taça de arroz doce acompanhada de um cálice de vinho do Porto, e conjecturámos o que levaria alguém abandonar esta casa deixando por lá as cortinas brancas-alvas nas janelas que outrora serviram de filtro entre os ocupantes em amena tertúlia e os olhares curiosos de quem pela rua passava. Que histórias guardarão aquelas paredes hoje sombrias e decrépitas, de alma esquecida, do século passado?

Não muito longe do nº56 ergue-se à sua sorte uma pequena casa cor-de-rosa, sem número de porta, mas pomposamente mostrando que também outrora tinha cortinas brancas-alvas. Aos transeuntes resta-lhes a curiosidade de ver as cortinas esvoaçarem por entre o entaipamento de tijolo e o exterior, imaginando o que aquela casinha cor-de-rosa hoje com a alma esquecida, contaria quando nela habitavam gentes com alma e vigor, num então desconhecido por quem hoje por ela passa.

Casas com alma esquecidas deveriam ser preocupação de quem hoje tanto se empenha em lançar betão em qualquer metro quadrado que exale a lucro fácil e rápido.

Casas com Alma Esquecida
Muito poderá ser feito se sociólogos e historiadores também queiram contribuir para a recolha de informação destas casas com alma esquecida espalhadas pela cidade de Lisboa, e em conjunto com os arquitectos da autarquia (que são em grande número) demonstrem interesse para as reconstruirem, reabilitarem e devolverem à sociedade de forma a poderem ser de novo orgulhosamente úteis e habitáveis.

No Sótão da Gina fica a inquietação e o sabor amargo de tanto para dizer, tanto para fazer e de repente até é resolvido por qualquer chinês que compra uma destas casas com alma esquecida e a devolve à sociedade, falando um idioma que ainda não dominamos mas que a par e passo nos vai dominando o nosso quotidiano.

domingo, 10 de maio de 2015

Mudança – Lei da Vida

 Dizia John Kennedy - A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro e hoje no Sótão da Gina conversa-se sobre o tema da mudança e se de facto concordamos com o que John Kennedy disse que mudança é a lei da vida.

A anfitriã do Sótão da Gina mudou-se de residência mais uma vez, razão pela qual as conversas no sótão ficaram a aguardar que se organizasse, ambientasse e conseguisse criar o ambiente propício para as conversas habituais, onde os aromas a alfazema, jasmim e camomila se misturam com o de canela e pétalas de rosa cor de chá, fazendo com que se sinta de novo em casa no sótão do costume.

Mudança – Lei da Vida
A sábia frase de John Kennedy com que iniciámos esta conversa - A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro – leva-nos a reflectir que:

1 - Passado bom ou mau é passado; deve ficar bem guardado na gaveta do passado que se abre só se for necessário ir lá buscar algo de interessante que nos sirva de aprendizagem para o presente ou futuro.

2 – Presente é agora e deve ser vivido ao momento, ao milímetro, à oportunidade, sem hesitações.

3 – Futuro é daqui a pouco - pode ser sonhado, idealizado, desenhado, escrito, planeado e de repente, sem que o queiramos trocam-nos as voltas; mudam-nos as peças do puzzle e voltamos a ter de refazer todo o plano de novo, uma, duas ou todas as vezes necessárias para que possamos ajustá-lo às nossas reais necessidades utilizando o livre arbítrio que nos foi concedido e inscrito à nascença.

O cientista mais famoso do mundo, Stephen Hawking, diz que Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança, mas nós pensamos que inteligência à parte – a capacidade de adaptação à mudança é mais uma questão de coragem de enfrentar o desconhecido e fé no que está para vir.

Mudança – Lei da Vida
Quem não tem estas capacidades acaba por ficar estagnado no tempo, e muitas vezes, como se diz na gíria “engolir muitos sapos” em vez de voltar à mesa de desenho, colocar uma nova folha em branco e projectar tudo de novo, do princípio e com o princípio e finalidade de servir melhor tudo o que carece.

Na mudança, há que também ter a coragem de fazer uma triagem do que vale a pena transportar para a nova morada, para o novo futuro – de nada vale carregar com objectos que nada lhe servem um propósito na nova vida.

A mudança de local de residência comporta também a avaliação das nossas necessidades actuais que se reflectem no futuro, não só de atitudes mas também de novas disposições, para que a mudança seja de facto benéfica e útil para o nosso amanhã.

Mudança – Lei da Vida
Pensando como John Kennedy que - mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro, no Sótão da Gina cremos que o futuro que é realmente nosso pode ser uma lei rescrita e desenhada todas as vezes que quisermos para melhor nos servir uma vida sã, agradável e feliz como a idealizámos ontem e a transformamos hoje num agora muito a nosso bel-prazer. 
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